Pular para o conteúdo principal

CLAMÍDIA – SINTOMAS, TRANSMISSÃO E TRATAMENTO

A clamídia é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo. O paciente infectado por clamídia costuma não desenvolver sintomas, mas quando o faz, o quadro clínico é muito parecido com o da gonorreia, sendo impossível distingui-las apenas pelos sintomas.
Neste texto vamos abordar os seguintes pontos sobre a clamídia:
  • O que é Chlamydia trachomatis.
  • Sinais e sintomas mais comuns.
  • Complicações possíveis.
  • Linfogranuloma venéreo.
  • Como é feito o diagnóstico.
  • Formas de tratamento.
Se você procura informações sobre gonorreia, o seu texto é este: GONORREIA – Sintomas e Tratamento.
Para saber mais sobre as principais doenças sexualmente transmissíveis, leia: O QUE É DST?

O QUE É CLAMÍDIA?

A clamídia é uma doença sexualmente transmissível, causada por uma bactéria chamada Chlamydia trachomatis. Nem todas as pessoas contaminadas com clamídia apresentam sintomas, podendo a infecção passar despercebida por muitos anos. Os pacientes com clamídia assintomática tornam-se fontes de contaminação permanentes, motivo pelo qual a clamídia é a DST mais comum no mundo. Quem transmite clamídia pode não saber que está contaminado e quem se contaminou pode não saber de quem pegou.
Estima-se que 5% da população adulta e 10% da população adolescente sexualmente ativa estejam contaminados com a Chlamydia trachomatis. A infecção por clamídia é mais comum em jovens, pessoas que tenham tido  múltiplos parceiros (as)  nos últimos anos ou pessoas que não costumam usar camisinha durante as relações sexuais (leia: CAMISINHA | Eficácia e instruções de uso).

FORMAS DE TRANSMISSÃO

Chlamydia trachomatis pode ser transmitida por duas maneiras: pela via sexual (anal, vaginal ou oral) ou de mãe para filho, durante a passagem do bebê pelo canal vaginal na hora do parto.
Assim como na gonorreia, nos adultos e adolescentes a transmissão é exclusivamente por via sexual. Não se pega clamídia em banheiros ou piscinas públicas. O beijo também não é uma forma de transmissão da clamídia.
A transmissão através de toalhas ou roupas íntimas ainda não foi comprovada, mas ela é teoricamente possível caso haja contato com secreções contaminadas frescas. Por exemplo, se uma mulher com corrimento vaginal contamina uma toalha e outra pessoa imediatamente a usa para secar suas partes íntimas, é possível haver transmissão. Isso, porém, é uma situação muito hipotética, e o que vemos na prática é a via sexual como única forma relevante de transmissão desta DST entre adultos.
A contaminação dos olhos pela clamídia pode ocorrer se as mãos estiverem contaminadas com secreções vaginais e o indivíduo coçar os olhos sem lavá-las antes.

SINTOMAS DA CLAMÍDIA

Como já foi referido, a maioria dos pacientes que se contaminam com clamídia não apresenta sinais da doença. Nas mulheres apenas 10% desenvolvem sintomas; nos homens, o número é um pouco maior, ao redor dos 30%. Entretanto, é bom destacar que mesmo sem sintomas, o paciente contaminado é capaz de transmitir a doença para seus parceiros ou parceiras.
Nos pacientes que desenvolvem sintomas, os mesmos costumam surgir entre 1 e 3 semanas após a contaminação.
Nas mulheres, os principais sintomas da Chlamydia trachomatis são:
No homens, os sintomas mais comuns de clamídia incluem:
  • Ardência ou dor ao urinar.
  • Saída de corrimento purulento pela uretra.
  • Dor nos testículos (leia: DOR NOS TESTÍCULOS | Principais causas).
  • Inchaço do saco escrotal.
  • Proctite (inflamação do ânus que ocorre em homens homossexuais passivos).
A faringite por Chlamydia trachomatis é uma quadro incomum, mas pode surgir se a via de transmissão for o sexo oral.

COMPLICAÇÕES

As complicações da infecção pela Chlamydia trachomatis costumam ocorrer nos pacientes com poucos ou nenhum sintoma, que por isso mesmo, acabam não procurando tratamento médico.
A principal complicação da infecção por clamídia nas mulheres é progressão da bactéria em direção ao útero, trompas e ovários, provocando uma grave infecção conhecida como doença inflamatória pélvica (DIP). Cerca de 10 a 15% das mulheres infectadas com a Chlamydia trachomatis desenvolvem DIP (leia: DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA – Causas, Sintomas e Tratamento).
Infertilidade também é uma complicação comum da clamídia não tratada e ocorre por lesão das trompas e/ou do útero por infecção prolongada.
As mulheres com infecção por Chlamydia trachomatis (especialmente a causada por sorotipo G) apresentam 6 vezes mais riscos para o desenvolvimento de câncer do colo do útero.
Nas grávidas, infecções por clamídia podem levar a parto prematuro. Bebês que nascem de mães infectadas podem se infectar e desenvolver complicações precoces. A clamídia é uma das principais causas de pneumonia e conjuntivite em recém-nascidos.
Nos homens a complicação mais comum é a prostatite, infecção da próstata (leia: PROSTATITE | Sintomas e tratamento). Infecção do epidídimo, localizado acima dos testículos, também pode ocorrer.
Linfogranuloma venéreo
Existem alguns sorotipos da Chlamydia trachomatis, chamados de L1, L2 e L3, que são capazes de apresentar uma doença chamada linfogranuloma venéreo, um quadro diferente da infecção clássica pela clamídia.
No linfogranuloma venéreo, a infecção inicial é caracterizada por um pequeno nódulo, que se rompe e forma uma úlcera genital. Duas a seis semanas mais tarde a infecção estende-se para os nódulos linfáticos regionais, ou seja, para os gânglios da virilha. O paciente apresenta um ou mais gânglios inflamados e aumentados, chamados de bubões. Estes bubões podem romper-se, drenando grande quantidade de pus.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO

O exame para identificar a clamídia é feito através da urina ou por amostra de material colhido com um cotonete na vagina, colo do útero ou na uretra. Os resultados estão geralmente disponíveis no prazo de 24-48 horas.
Muitos médicos solicitam a sorologia para pesquisa dos anticorpos IgM e IgG contra a clamídia, mas esse exame, apesar de útil, não é o mais confiável. Se for possível, a pesquisa da Chlamydia trachomatis deve ser feita por uma técnica chamada PCR, que procura a presença do DNA da clamídia nas secreções vaginais. Nos homens, essa pesquisa do DNA pode ser feita na urina.

TRATAMENTO DA CHLAMYDIA TRACHOMATIS

O tratamento da clamídia é simples, sendo feito com administração de antibióticos. A Azitromicina em dose única de 1 grama é o antibiótico mais prescrito. O paciente infectado deve ficar por pelo menos 7 dias sem atividade sexual após o início do tratamento (leia: AZITROMICINA – Indicações, Doses e Efeitos Colaterais).
Uma alternativa à azitromicina é a Doxiciclina por 7 dias. Nos pacientes com linfogranuloma venéreo ou infecção anal pela clamídia, o regime com doxiciclina é o mais indicado.
Como o quadro clínico da clamídia pode ser muito parecido com o da gonorreia, é comum o médico prescrever um tratamento que atue sobre as duas bactérias. Geralmente associa-se ceftriaxona com a azitromicina
Todos os parceiros (as) do paciente infectado devem ser testados e se necessário, tratados para clamídia, mesmo que não apresentem sintomas.
É possível se contaminar com o Chlamydia trachomatis por mais de uma vez. O fato de já ter tido uma infecção por clamídia anteriormente não confere imunidade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Infeções Sexualmente Transmissíveis

As IST, ou infeções sexualmente transmissíveis, são infeções contagiosas cuja forma mais frequente de transmissão é através das relações sexuais (sobretudo vaginais, orais ou anais). A prática de sexo mais seguro é a melhor maneira de prevenir a infeção. As IST mais conhecidas são: VIH/SIDA Vírus do Papiloma Humano-HPV Clamídia Gonorreia ou blenorragia Hepatite B Sífilis Herpes genital Tricomoníase Vias de transmissão As principais vias de transmissão de IST são: as relações sexuais vaginais, não protegidas, entre mulher e homem; ou seja, quando o pénis é introduzido na vagina sem  preservativo  (interno ou externo); as relações sexuais anais, não protegidas, entre mulher e homem ou entre homem e homem. Ou seja, quando o pénis é introduzido no ânus sem a protecção de um preservativo; e, para algumas infecções, as relações sexuais orais; ou seja, quando a vagina, o clitóris ou o pénis estão em contacto directo com a boca do parceiro/a, sem uma barreira protectora

ransmissão vertical do HIV controlada

Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) propôs caracterizar a evolução clínica e laboratorial de 64 recém-nascidos de mães portadoras do  vírus HIV . Resultado: no grupo de pacientes que recebeu medicação específica durante a gestação, no parto e após o nascimento, não houve nenhum caso de transmissão vertical da doença. “A negativação sorológica ocorreu em média aos 16 meses de vida dos bebês”, disse Edna Maria Diniz, orientadora da pesquisa, à Agência FAPESP. “Do total, apenas seis bebês foram infectados, pois as mães não fizeram o tratamento de forma continuada”, explica a também professora livre-docente do Departamento de Pediatria da FMUSP. A pesquisa, que tem ainda os autores Cristina Yoshimoto e Flávio Costa Vaz, foi realizada no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP. A análise foi dividida em dois grupos. O grupo A formado por 23 pares de mães e filhos que não receberam a profilaxia com zidovudina (AZT) em nenhum m